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Infraestrutura é gargalo do agro brasileiro e Leste Europeu desponta como maior concorrente

25/10/2023   |   NOTÍCIAS

Infraestrutura é gargalo do agro brasileiro e Leste Europeu desponta como maior concorrente

As safras recordes produzidas pelo agronegócio brasileiro enfrentam um grande desafio para manterem o forte ritmo de crescimento. A produção, que ao longo das décadas se modernizou e ganhou escala, não foi acompanhada pelos investimentos em infraestrutura de transporte e armazenagem. Este é o principal gargalo do setor atualmente na visão do engenheiro agrônomo, doutor em Economia Aplicada pela USP e sócio-consultor na MB Agro, Alexandre Mendonça de Barros.

 

Conforme o especialista, os choques de ofertas ocorrem em ondas e, por conta disso, os investimentos em infraestrutura não ocorrem de forma contínua. “Temos atualmente uma elasticidade de oferta impressionante no agronegócio brasileiro. Incorporamos 2,5 milhões de hectares de produção em três anos, isso é um fenômeno. Mas nestes momentos em que a oferta sobe, não tem armazém que dê conta. Em volume, vamos exportar neste ano perto de 260 milhões de toneladas de alimentos. Dez anos atrás, este número era de cerca de 120 milhões de toneladas. Isso exige uma infraestrutura gigante, mas são ondas (em relação aos preços de commodities). É preciso entender o movimento, pois você não coordena isso, o mercado é quem coordena”, afirmou, completando: “Existe uma demanda crescente por alimentos e só há grandes estoques na China e Índia. E temos poucas informações sobre esses estoques. Mas, hoje, trabalhamos com nível de tensão e choques climáticos frequentes, que negam essa hipótese de termos uma geografia e comércio internacional que tragam menos volatilidade. E em alguns momentos os preços explodem. O grande problema são as quebras dos grãos, produtos mais consumidos. Se os grãos sobem, a proteína animal também fica mais cara”.

 

Mendonça de Barros também comentou sobre regiões que podem brigar com o agronegócio brasileiro em expansão, na disputa com outros grandes produtores globais do setor. Na visão do especialista, a região do Leste Europeu, apesar dos impactos provocados pela guerra entre Rússia e Ucrânia, apresenta potencial de crescimento. “A grande região que concorre conosco é o Leste Europeu. Ali existe um potencial de área de plantio. Até os anos 90 eles eram péssimos agricultores, as fazendas coletivas durante a União Soviética não funcionaram. Depois da queda do regime, as propriedades tiveram um crescimento de produtividade muito grande. As maiores planícies contínuas do planeta são as estepes russas. Os russos se tornaram importantes exportadores de trigo e têm um potencial de crescimento muito grande. E outro grande expoente é a Ucrânia, mas o cenário da guerra colocou uma dúvida em relação a esse panorama”, destacou.

 

Em relação a evolução das empresas brasileiras, o engenheiro agrônomo destacou que as fragilidades estavam no fato de que produtores e empresas brasileiras antigamente eram muito pouco estruturadas. “Não faziam hedge nos preços, tinham alavancagem exagerada para o tamanho do risco, não tinham políticas de sucessão. E agora estamos vendo a transformação institucional. O mercado financeiro detestava o agronegócio brasileiro, enxergava como um problema, por conta das quebras de safra dos anos 80 e 90. Isso mudou radicalmente e o mercado financeiro, hoje, está olhando o agronegócio como a grande potência brasileira, bem-sucedida”, expôs.

 

O doutor em Economia Aplicada também destacou as vantagens do Brasil em relação aos Estados Unidos. De acordo com ele, a resposta para o fato de conseguirmos competir com a agropecuária norte-americana está na possibilidade de realizarmos mais de uma safra no ano. “Por estarmos em um clima tropical, sem neve, com menos frio. Isso permite produzir duas culturas, misturar com pecuária, ter um melhor aproveitamento. As máquinas norte-americanas trabalham basicamente no verão e na primavera. Por outro lado, temos um desafio. O Meio-Oeste dos EUA é muito mais homogêneo do que quando comparamos com nossas regiões. Pará, Mato Grosso, Maranhão e Rio Grande do Sul possuem climas diferentes, culturas diferentes. É preciso adaptar a semente de soja para cada região”, analisou.

 

E ressaltou que o agricultor brasileiro tem muito a ensinar ao resto do país. “Entender o sucesso disso, é entender quais os vetores que permitiram termos um ganho de produtividade. Estamos falando de quatro ou cinco décadas de aumento constante de produtividade. É isso que explica termos nos transformado na quarta agricultura do mundo, a que mais cresce e possivelmente a mais eficiente de todas”, evidenciou.

 

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