Mas antes de iniciarmos qualquer discussão vamos partir do básico. Ao falarmos em imprimação nos referimos à aplicação de uma camada de impermeabilizante de bases rodoviárias sobre a superfície da base concluída. A ação visa dar coesão superficial, impermeabilizar e permitir condições de aderência entre esta base, o banho de ligação e o revestimento a ser executado.

A imprimação tem como função cobrir os vazios da superfície da base, protegê-la em caso de adversidades, estabilizar os materiais aplicados, conservar a umidade ótima da base e impedir a penetração das águas pluviais diretamente na base.

Órgãos normativos, como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), caracterizam o serviço como fundamental e específico, e indicam que ele deve ser realizado ainda nas camadas de base, antes mesmo do início da construção de um pavimento asfáltico. Assim, haverá garantia da aderência entre as partículas superficiais dessas camadas, resultando na impermeabilização e ligação com o revestimento asfáltico de superposição, o conhecido banho de ligação.

Afinal, por que fazer a imprimação?

A imprimação tem várias funções em um pavimento asfáltico. Sendo elas:

• Impermeabilizar a base, como preenchimento dos seus vazios superficiais;
• Fornecer coesão e estabilizar os grãos da porção superior da base;
• Reduzir o efeito da capilaridade;
• Permitir condições de aderência entre a base, o banho de ligação  e o revestimento;
• Proteger a base contra intempéries e tráfego até a execução do revestimento;
• Evitar absorção do ligante da primeira camada de revestimento.

O que interfere na penetração da imprimação?

Antes de passar pelo processo de imprimação, a base deve estar concluída e entregue de acordo com o grau de compactação exigido em projeto. Além disso, deve obedecer a outros critérios especificados nas normas, tais como Estabilidade (CBR/ I.S.C), índice de liquidez, índice de plasticidade, retração, ótima umidade de compactação, dentre outros resultados que são obtidos na elaboração do projeto com o material disponível para a execução da camada do pavimento em questão. A inspeção nesta etapa é importante pois é o que garante que os resultados na obra sejam os mesmos dos encontrados na elaboração do projeto em laboratório.

Cabe ressaltar aqui que a variação dos tipos de camada da base pode gerar diferentes desempenhos, uma vez que essas proporções podem causar diversas interações entre os materiais utilizados.

Confira alguns elementos capazes de interferir no processo de absorção da imprimação:

• Tipo e taxa de emulsão;
• Teor de umidade de compactação;
• Tipo de solo;
• Umidade do solo no momento da imprimação; e
• Irrigação prévia da superfície, porém sem excesso de umidade.

Como as camadas de base possuem particularidades próprias, a taxa de emulsão para imprimação pode variar. Há normas que falam que a taxa de aplicação é aquela que pode ser absorvida pela base em 24 horas, número que deve ser definido após testes do próprio canteiro de obra.

É preciso ficar atento a alguns pontos…

Antes de começar a imprimação efetivamente é preciso observar alguns aspectos a fim de se certificar de que o serviço será bem feito, como:

• Deve-se imprimar a largura total da pista em um mesmo turno de trabalho e deixá-la, sempre que possível, sem tráfego;
• Garantir que há quantidade suficiente de ligante para a etapa que se inicia;
• Organizar corretamente a sinalização dos desvios necessários para a fluidez do tráfego no trecho ou garantir que os trabalhos sejam realizados em meia-pista;
• Possibilitar que a pista seja irrigada constantemente para que não haja deposição de poeira sobre a área imprimada até que esta etapa seja concluída, ou seja, que até que a pisca esteja seca;
• Confirmar que os equipamentos estão em boas condições para a execução do trabalho.

Condições climáticas

Você sabia que a chuva, a temperatura e o vento são os fatores que mais afetam os custos durante o processo de imprimação? Por isso é fundamental que as condições climáticas no local da obra sejam levadas em consideração. Dito isso, o recomendado é que os serviços não sejam iniciados antes do nascer do sol, quando a pista está fria e úmida.

Há quem defenda que o espargimento não deve ser executado quando a temperatura ambiente foi inferior a 10ºC, para os asfaltos diluídos e 5 ºC para as emulsões, nem sob superfícies molhadas ou com tempo nublado ou ainda em dias chuvosos ou com forte probabilidade de chuva.

Equipamentos utilizados

Para a execução da limpeza utiliza-se uma vassoura mecânica ou um soprador à gasolina. Esta etapa, executada antes de lançar o impermeabilizante, é de suma importância uma vez que uma superfície com sujeira/poeira não promove aderência e coloca em risco a qualidade da penetração do impermeabilizante.

Já o lançamento do impermeabilizante pode ser feito de duas formas: A primeira delas é através da caneta, um processo manual mais utilizado em pontos de difícil acesso do caminhão. A taxa de aplicação depende muito da perícia do operador que for manusear essa ferramenta.

A segunda maneira é por meio de uma régua espargidora, equipamento que lança a emulsão armazenada no tanque do caminhão espergidor. É o melhor jeito para lançar o impermeabilizante e ligante, uma vez que possibilita um controle preciso e homogêneo de taxa por toda a superfície.

A taxa é controlada conforme aceleração do caminhão e a regulagem da pressão lançada pela bomba. É importante que essa bomba esteja bem regulada pois quanto mais energia de lançamento há nos bicos espargidores, melhor será a penetração dos produtos na base.

Como fazer a aplicação?

Os serviços de imprimação de bases rodoviárias seguem as especificações da norma técnica DNIT 144/2014-ES, que traz os critérios referentes a material, equipamento, execução, inspeção, incluindo ainda termos de aceitação, rejeição e medição dos serviços.

Bem, como dissemos aqui, para que dê tudo certo durante o processo de imprimação é preciso ter alguns cuidados em todas as suas etapas. Essas precauções englobam algumas atividades referentes ao uso do impermeabilizante, preparação da superfície, manutenção das condições de tráfego no trecho durante a operação do serviço, bem como as precauções relativas à base depois de imprimada.

Após analisar com atenção os itens abordados neste artigo, você poderá cumprir a fase de imprimação com tranquilidade e terá mais segurança para escolher os parceiros para o seu projeto!