Responsabilidade ambiental: Tudo o que você precisa saber sobre o ESG
08/08/2022 | ARTIGOS AUTORAIS
Não faz muito tempo que industrialização e meio ambiente pareciam andar em polos opostos. No entanto, nas últimas décadas as empresas começaram a perceber que assumir uma postura ecologicamente responsável por meio de melhores práticas de governança pode ajudá-las a entrar em equilíbrio.
E se olharmos pelo outro lado desse prisma, o próprio consumidor tem priorizado aquelas empresas que consideram os aspectos socioambientais dos seus processos. Foi o que mostrou um levantamento da empresa de consultoria Nielsen, realizada em 60 países. Segundo o documento, 66% dos entrevistados relataram estarem dispostos a pagar mais caro por produtos e serviços de companhias comprometidas com essas questões.
É por isso que temas como ESG tem sido tão abordados no mundo corporativo, e é justamente sobre essa nova realidade que vamos falar no artigo de hoje.
O que significa ESG?
ESG é uma sigla em inglês para “environmental, social and governance” (ambiental, social e governança, em português). Geralmente, o termo é utilizado para se referir às práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa.
Na verdade, mais do que uma nova terminologia, o ESG representa uma mudança de comportamento. É uma visão clara e crítica sobre a forma sustentável de pensar os meios de produção.
O termo surgiu em um relatório de 2005 intitulado “Who cares Wins (Ganha quem se importa, em tradução livre), uma iniciativa da Organização das Nações Unidas e simboliza o conjunto de práticas une compromisso social, empresarial e ambiental.
E as letras, o que cada uma quer dizer?
As letras ESG unem três aspectos que traduzem o nível de comprometimento da empresa em adotar ações ambientais, sociais e de governança.
E (environmental, em inglês, ou ambiental, em português): Faz referência às ações no que tange a conservação do meio ambiente e sua atuação sobre temas como: aquecimento global e emissão de carbono, poluição do ar e da água, biodiversidade, desmatamento, eficiência energética, gestão de resíduos e escassez de água.
S (social, em inglês e português): Diz respeito à relação de uma empresa com as pessoas que integram o seu ecossistema. Abrange questões como: satisfação dos clientes, proteção de dados e privacidade, diversidade da equipe, engajamento dos funcionários, relacionamento com a comunidade, respeito aos direitos humanos e às leis trabalhistas.
G (governance, em inglês, ou governança, em português): Envolve as questões referentes à administração de uma corporação. Por exemplo: composição do Conselho; estrutura do comitê de auditoria; conduta corporativa; remuneração dos executivos; relação com entidades do governo e políticos; existência de um canal de denúncias.
Quais empresas têm se destacado com essa iniciativa?
No ano passado, a revista Exame lançou um guia intitulado Melhores do ESG. Algumas empresas brasileiras estavam no ranking: Itaú, Ambev, O Boticário, Natura e Suzano.
O Itaú, por exemplo, doou a maior quantia da história para uma causa social. Em 2020, durante a pandemia do novo coronavírus, o banco criou o Todos pela Saúde, fundo para doação de R$ 1 bilhão para o Sistema Único de Saúde (SUS) para combater a crise sanitária.
Já a Ambev, também durante a pandemia, foi contra o que estava sendo feito na época e, em vez de reduzir ou extinguir seus planos de sustentabilidade, fez com que suas empresas seguissem à risca um plano de redução no consumo de água elaborado há quase trinta anos.
A ação deu tão certo que foi possível reduzir em 4,7% no uso de água em 2020 na comparação com o ano anterior e de 55%, por exemplo, em 2002.
Por que investir em ESG?
O impacto gerado pelas grandes indústrias nas últimas décadas deixou ainda mais evidente a necessidade de olhar para o meio ambiente. Além disso, a própria sociedade está cada dia mais consciente e preocupada com a responsabilidade social e com a postura das empresas quando se fala neste assunto.
O resultado? Foi preciso que o meio corporativo olhasse para além das métricas financeiras e enxergasse também aspectos sociais e ambientais da sua cadeia de produção.
Até mesmo o mercado financeiro está avaliando tais pontos para decidir onde aplicar seus recursos, de forma que os pilares do ESG passaram a ser fundamentais nas análises dos riscos e nas tomadas de decisões dos investidores.
O que estamos vendo na prática é que as gestoras e os fundos de investimentos passaram a aportar menos em empresas que não se preocupam com a sustentabilidade. Afinal, quem gostaria de investir em um negócio que não se esforça para reduzir seu impacto no meio ambiente ou não se importa com o bem-estar das pessoas e de seus próprios colaboradores? A preferência passou a ser para o investimento atrelado ao impacto.
O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), por exemplo, foi criado a fim de medir o desempenho médio dos ativos de empresas selecionadas pelo seu comprometimento com a sustentabilidade empresarial. O índice é comumente consultado como fonte de informação para os investidores na tomada de decisão e induz as empresas a adotarem melhores práticas voltadas ao assunto, contribuindo, assim, para o crescimento dos negócios.
Conclusão
A pauta ESG já é mais presente do que a maioria dos consumidores conhece e entende. Não se trata mais de uma questão que trará valorização para as empresas que a praticam no futuro, hoje os empresários que se movimentam em prol da ESG estão colhendo os frutos mas mais importante do que isso são os benefícios que nosso planeta já absorve desde agora. Há muito ainda o que ser melhorado, mas a adesão de cada vez mais empresas e com a exigência dos clientes que será cada vez mais crescente, nossa geração vai conseguir ver muitas mudanças significativas nos hábitos de bens e consumo como um todo, o que pra nós de uma empresa que trás questões ambientais em pauta a todo momento, é motivo de muita alegria e esperança quanto ao futuro de nossos filhos.
