Mercado imobiliário, novos hábitos e demandas para moradias
12/09/2022 | ARTIGOS AUTORAIS
Até pouco tempo atrás, víamos vantagem em morar nas regiões centralizadas da cidade, com fácil acesso ao trabalho, serviços e comércios. Mesmo que pequenas, as moradias atendiam às nossas necessidades porque passávamos pouco tempo ali. Em 2020, algo mudou. Precisamos ficar mais tempo em nossas casas, e as prioridades eram outras.
Um exemplo é o aumento da procura por imóveis no interior dos estados. Muitos brasileiros passaram a optar pelas comodidades e amplos espaços dos condomínios de chácaras. A busca por mais qualidade de vida, despertada pela pandemia, tem levado as pessoas de volta para as cidades menores, mas ainda próximas às comodidades das capitais ou grandes centros urbanos.
Todas essas novidades nos fazem olhar para a necessidade de uma revisão do planejamento urbano, com novas formas de trabalho, lazer e circulação, além de mudanças no modelo de mobilidade urbana e melhores condições de moradia.
A Brain Inteligência Imobiliária divulgou em julho que 41% dos entrevistados têm intenção de compra de imóveis no interior do Brasil, sendo que 45% pretende comprar nos próximos 12 meses. Na região Centro-Oeste, 30% tem a intenção de comprar, mas ainda não começou a procurar ativamente; 6% já procura pela internet; e 9% já começou a visitar imóveis e stands de venda.
Algumas preferências são:
- Casas mais espaçosas e arejadas;
- Imóveis com opções de varanda e terraço;
- Ambientes otimizados para home office;
- Espaços próximos à natureza; e
- Bairros planejados e condomínios completos.
As construtoras já buscam áreas mais afastadas, menos adensadas, para a construção de condomínios de casas ou até mesmo de prédios em condomínios, com maior espaçamento, dentro do novo conceito de viver do brasileiro. Ao falarmos em apartamentos, ficaram ainda mais em evidência os espaços que podem servir para home office e home class, assim como ambientes amplos e arejados.
Novos comportamentos
Era comum a ideia de que nossas casas deveriam estar preparadas para receber visitas, hoje, o foco são seus moradores. Se antes as nossas casas eram ponto de apoio para a correria do dia a dia, hoje, nossas residências se transformaram também no espaço de lazer, de segurança e por que não dizer de algum conforto e qualidade de vida. E, assim, muitas pessoas se deram conta de que não tinham a estrutura necessária para passar tanto tempo na sua própria casa ou no condomínio onde moram.
Será que essa nova percepção de moradia se manterá nos próximos anos? A pergunta é comum entre as indústrias, o comércio e os mercados imobiliários. Na verdade, a resposta ainda não está clara, mas já temos alguns sinais que mostram que o cenário está diferente.
Em julho de 2020, o índice de crescimento do comércio foi de 5,2% e, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa alta foi impulsionada principalmente pelos segmentos de móveis, eletrodomésticos e materiais de construção. Além disso, notou-se grande movimentação no mercado imobiliário, principalmente com a procura por imóveis maiores em condomínios verticais.
Conclusão
O grande desafio de incorporadoras e loteadoras vai ser encontrar a adaptação do novo conceito de moradia. As unidades imobiliárias deverão ter espaços maiores. A infraestrutura urbana terá cada vez mais relevância para a escolha de um conglomerado residencial, seja ele afastado ou dentro da cidade, que torna o desafio muito maior. De um jeito ou de outro, o mercado imobiliário vem se posicionando como um dos mais consistentes e em ascensão mesmo em tempos de crise e com restrição para tomada de crédito devido ao cenário macroeconômico, o que se traduz também como um ótimo investimento financeiro e não só a possibilidade de compra da casa própria.