Guia Completo Sobre Imprimação De Bases Rodoviárias
21/08/2023 | ARTIGOS AUTORAIS
Antes de adentrarmos em qualquer discussão, é essencial partir do fundamental. Ao abordarmos o tema da imprimação, nos referimos ao procedimento de aplicação de uma camada impermeabilizante sobre a superfície da base rodoviária concluída. O objetivo principal é conferir impermeabilidade, mas paralelamente também entregar coesão superficial e estabelecer as condições de aderência entre a base, o banho de ligação e o revestimento subsequente.
A ação da imprimação abrange o preenchimento dos vazios presentes na superfície da base, fornecendo proteção contra adversidades, estabilizando os materiais aplicados, conservando a umidade ideal e impedindo a penetração direta das águas pluviais na base.
Instâncias regulatórias, como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), caracterizam esse procedimento como essencial e específico. Recomendam que a imprimação seja conduzida nas camadas de base, antes do início da construção do pavimento asfáltico. Isso assegura a aderência entre as partículas superficiais dessas camadas, culminando na impermeabilização e na conexão com o revestimento superior, também conhecido como banho de ligação.
Mas afinal, por que optar pela imprimação?
A imprimação desempenha diversas funções no contexto de um pavimento asfáltico, incluindo:
- Impermeabilização da base, ao preencher seus vazios superficiais;
- Conferir coesão e estabilização aos grãos da camada superior da base;
- Minimizar o efeito da capilaridade;
- Estabelecer condições de aderência entre a base, o banho de ligação e o revestimento;
- Proteger a base contra intempéries e tráfego até a conclusão do revestimento;
- Evitar a absorção do ligante da primeira camada de revestimento.
Fatores que influenciam a penetração da imprimação
Antes de realizar a imprimação, a base deve estar concluída e conforme o grau de compactação exigido pelo projeto. Além disso, devem ser observados critérios definidos nas normas, como estabilidade (CBR/ I.S.C), índice de liquidez, índice de plasticidade, retração, umidade de compactação ideal, entre outros resultados determinados na concepção do projeto com os materiais disponíveis para a camada de pavimento em questão. A inspeção nessa etapa é crucial para garantir que os resultados na obra correspondam aos obtidos em laboratório durante a elaboração do projeto.
É importante ressaltar que diferentes composições das camadas de base podem resultar em desempenhos distintos, uma vez que essas proporções podem causar interações variadas entre os materiais utilizados.
Diversos elementos impactam a absorção da imprimação, incluindo:
- Superfície isenta de particulados soltos e/ou contaminantes
- Tipo e proporção da emulsão;
- Umidade de compactação;
- Natureza do solo;
- Umidade do solo no momento da aplicação;
- Uso prévio de irrigação na superfície, sem excesso de umidade.
Devido às particularidades das camadas de base, a proporção da emulsão para a imprimação pode variar. Normas indicam que a taxa de aplicação deve permitir a absorção pela base em 24 horas, uma medida que deve ser estabelecida após testes no próprio canteiro de obras.
Aspectos a serem considerados
Antes de iniciar a imprimação propriamente dita, é vital observar certos pontos para assegurar a qualidade do serviço, como:
- limpeza minuciosa da superfície. Partículas soltas e contaminantes são o principal ponto de problemas de ancoragem/penetração da imprimação, seja qualquer tipo de emulsão ou ADP.
- Imprimir toda a largura da pista em um único turno de trabalho e mantê-la livre de tráfego sempre que possível;
- Garantir a quantidade adequada de ligante para a etapa que se inicia;
- Organizar a sinalização necessária para desvios, a fim de manter o fluxo de tráfego ou permitir que o trabalho seja conduzido em meia-pista;
- Possibilitar a irrigação constante da pista para evitar acúmulo de poeira sobre a área imprimação até a completa secagem;
- Verificar a condição dos equipamentos para a execução do trabalho.
Influência das condições climáticas
É interessante observar que chuva, temperatura e vento são fatores que mais afetam os custos no processo de imprimação. Portanto, é crucial levar em consideração as condições climáticas no local da obra. Recomenda-se não iniciar os trabalhos antes do nascer do sol, quando a pista está fria e úmida.
Alguns defendem que o procedimento de espargimento não deve ser realizado em temperaturas ambiente inferiores a 10°C, no caso de asfaltos diluídos, e 5°C para emulsões. Também deve ser evitado em superfícies molhadas em excesso, tempo nublado, dias chuvosos ou com alta probabilidade de chuva.
Equipamentos em uso
Para a etapa de limpeza, é empregada uma vassoura mecânica ou um soprador a gasolina. Essa fase, executada antes da aplicação do impermeabilizante, é de extrema importância, uma vez que uma superfície suja ou empoeirada compromete a aderência e põe em risco a eficácia da penetração do impermeabilizante. Esta é via de regra a etapa mais negligenciada, pois a limpeza deve ser na eminencia da aplicação da imprimação, do contrário o vento já arrastará novos particulados momentos antes da imprimação. A depender da composição do solo, quando este contém grande composição de finos, é necessário aplicar mais de um tipo de equipamento na limpeza, e ainda assim é difícil assegurar as condições ideais a depender do solo/local da obra.
Quanto a aplicação do impermeabilizante, há duas abordagens: a aplicação manual através da caneta, principalmente em pontos de difícil acesso do caminhão, e o uso de uma régua espargidora, que lança a emulsão armazenada no tanque do caminhão espergidor. A taxa de aplicação é controlada com base na aceleração do caminhão e na pressão lançada pela bomba. A regulagem adequada da bomba é crucial para uma penetração eficaz dos produtos na base, seja qualquer tipo de emulsão, a energia de lançamento é determinante na qualidade da imprimadura. Logo, a regulagem da bomba do espargidor e dos bicos aspersores são tão determinantes quanto limpeza e umidade do solo no momento da aplicação.
Procedimento de aplicação
A realização da imprimação de bases rodoviárias segue as especificações da norma técnica DNIT 144/2014-ES. Essa norma define critérios relativos a material, equipamento, execução e inspeção, abrangendo termos de aceitação, rejeição e medição dos serviços. Muito embora apenas aborde ensaios físico-químicos quanto as emulsões, e nenhum ensaio de performance quanto a impermeabilização.
Em resumo, para garantir o sucesso da etapa de imprimação, é essencial adotar cuidados em cada uma de suas fases. Isso envolve atividades relacionadas ao uso do impermeabilizante, preparação e limpeza da superfície, manutenção do tráfego durante a operação, bem como precauções com relação à base após a aplicação.
Após uma análise minuciosa dos pontos abordados neste artigo, você estará preparado para conduzir o processo de imprimação com confiança, e estará mais apto a selecionar parceiros adequados para seu projeto!